quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Rir é risível

Quando alguém ri, não ri à toa. Pode ser da tragédia, do cômico, do amor. Um simples riso não diz nada, mas tampouco omite sentimento algum. É o retrato daquilo que existe, sem mais ne por quê. Quando ris, não o faz apenas com a boca, com os lábios. Todos os músculos estremecem, toda lembrança é - indevidamente - rememorada. O riso se faz assim, vadio e dissimulado.

A boca não ri sozinha; seria um insulto deixá-la contrair solitária, sem companheiro, sem afago. Os olhos riem, a alma ri, o corpo gargalha. Todo um espectro é criado no momento exato do riso, da fala, do som. E quem não sabe ri, ri do avesso; ri pro nada, rouba risos. A vida se faz de risos, mas estes não se fazem por ela; fazem-se por si próprios. Existem pelo puro prazer lascivo.

O sorriso é o riso indecente. É o riso sem pudor, sem caráter. É o avesso do avesso.
É, mas também não é. É risível.

Um comentário:

Anônimo disse...

o que é risível é o fato de que, além de "ninguém" ler o teu blog, como tu dizes, ninguém lê os comentários, ora. por que, então, eu escrevo? me diz, me diz. hahahahaha