terça-feira, 5 de agosto de 2008

Eurídice, Eurídice!

Orfeu, Orfeu. O que representa? Ele representa a ganância, a impaciência e o egoísmo? Ou representa o amor, a paixão e o desejo de fazer-se feliz? Eurídice estava (quase) em seus braços, na sua lira. Deixou escapar pela certeza de ela o estar segundo para o mundo dos vivos. Após adormecer Cérebro, passar por Caronte e fazer Hades derramar lágrimas de ferro, deixou tudo escapar pela certeza de um simples momento. Momento inoportuno para se ter dúvidas.

Eurídice, tornou-se morta uma vez mais, para sempre. Qualquer pagão apaixonado não perderia a oportunidade de ver sua amada, não importando as circunstâncias. Mesmo que pudesse ser a última vez. E, ao perdê-la, recusaria olhar para outra mulher, confrontando seu sofrimento e os dardos das Mênades penetrando em cada espaço da epiderme, até a morte. Qualquer um teria sua cabeça enterrada para deixar o canto do rouxinol mais diáfano e poder, enfim, mesmo sem cabeça, sentir sua amada, em terra ou no hades.

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