terça-feira, 18 de março de 2008

A Virgem e a Meretriz

Cá de cima eu posso ver
Alto aqui, o que nunca viste
Toda a pureza do mundo aí embaixo
Talvez eu nunca encontre
O paraíso que nos separa
Paira sobre ti, corre de mim
Talvez eu nunca encontre
Você.

Longe de mim, longe do mal
Aqui queima
Todo mundo arde e sabe por quê
Pra cá, todos correm
Desprezam-me, sei que não valho
Um tostão de misericórdia
Quem me chuta, não sabe
O prazer que me deu

-Eu não sei voar
-Eu não sei rezar
-Eu vejo o mundo
-Tão imundo

Quanta diferença
Entre nós há um abismo
Aquele da pureza; a escuridão
Afinal, eu não sei quem és
Eu sou Maria, tu és Maria
A minha sina é me guardar
Ou esperar a chuva cair
Saciando minha solidão
És uma graça. Eu, devassa

Eu também espero
Espero a chuva parar, morrer
Mas eu preciso, preciso me molhar
Pra respirar teu ar, tua vida
Que Maria sou eu?
Por que não hei de ser pura?
Uso somente meu tesouro
Meu espírito descansa, lá dentro
Longe da minha iniqüidade
Meu espírito não é minha imagem

-Quem és?
-Sou Maria
-Maria da Glória
-E tu, Dorotéia

Um comentário:

Luana Ramos Rabelo disse...

menos sujo do que pensa ser
mais limpo do que pensam que é
menos diferente do que pensa ser
mais parecido do que pensam que é