segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Anos

Nenhuma música me descreve, nada me contradiz. Nem se eu cantasse com roucos pulmões, nem se eu desatinasse com o mais óbivo dos fatos, nada provaria uma mudança. Mas, afinal, o que é fazer aniversário? Eu prefiro que lembrem de mim um ano inteiro que só um dia. Eu não desmereço um "parabéns" inocente. Jamais.

Uma transação de idade não me surpreende, não me assusta. Maioridade, idade... Vaidade. Eu nunca sonhei com maioridade, tampouco a repudiei. Quem nada contra a correnteza, morre; quem corre contra o tempo, nunca viveu. "Não se afobe, não/ Que nada é pra já". Quem me conhece, acha que paciência passa longe de mim, muito longe. Mas, paciência é muito subjetivo. Uma divina comédia não basta à uma vida, cem anos de solidão nunca tardam a chegar.

Por isso não tarde a ter paciência. A tarde sempre dura a mesma coisa. A chuva sempre molha, o fogo nunca me congelou. Não será a mais bela das primaveras que não te proporcionará flores e amores. O meu melhor presente, hoje, não veio à meia noite, e sim há quatro meses.

(Parabéns, Gabriel)

2 comentários:

Nayana disse...

aniversários são descobertas pra quem sabe o verdadeiro significado deles.

L.Moraes disse...

muito bom barriga, belo texto sobre o envelhecimento. Aniversario um ano a mais ou a menos de vida né?!