terça-feira, 12 de maio de 2009

Welles e a Mídia

Muitas são as críticas contra a mídia - não só a brasileira como do mundo todo. Essa 'mídia de massa', como chamam por aí. O fato é que ninguém conseguiu criticá-la tão bem como Orson Welles. Seu filme imortal Cidadão Kane é a prova disto. Precocemente, ele cria um roteiro baseado - segundo a boca miúda - na vida de um magnata americano do jornal, mesclado com a sua própria história. É a ascensão de alguém que não tinha lá muitos recursos através da mídia. E, ainda, é uma ascensão pelos jornais que publicam manchete às vezes inúteis e sensacionalistas.

(Toda semelhança com o Brasil é mera coincidência)


No último filme dirigido por Orson Welles - Verdades e Mentiras (F for Fake) - Welles cria um falso documentário, onde diz, até exata 1 hora de filme, verdades, e tudo dito posteriormente, é mentira. O problema é que, durante o filme, não se sabe o que é verdade ou mentira. Welles sempre teve dom para isso. Ele demonstra claramente ao falar, no filme, que quando conseguiu um emprego na rádio, anunciou que extraterrestres teriam invadido a Terra; que a Casa Branca já havia começado certas negociações com os visitantes, e por aí vai. O engraçado é que milhares de pessoas que ouviram tal notícia no rádio deveras acreditaram em tal. Ao invés de ir para a cadeia, foi para Hollywood.
Orson Welles conseguiu nos demonstar, de forma majestosa, o quanto a mídia nos influencia, seja no jornal impresso, seja na rádio, seja na televisão. Mostra-nos como a sociedade acredita em qualquer absurdo que saia nesses veículos. A vulnerabilidade do homem se dá pelos poucos que detém o poder de manipulação.

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