sexta-feira, 8 de maio de 2009

Grilagem Divina

Vendo um pedaço no céu. Na minha mão é mais barato. Aqui você paga dez por cento do seu salário até o resto da sua vida. É uma bagatela. Seu pedaço no céu estará garantido com o Pastor Adeílson.
Se deus realmente existir, primeiramente ele deve estar muito zangado comigo por não acreditar tanto assim nele (o mundo não me deixa fazê-lo), e deve ficar muito triste por venderem suas terras dessa maneira, assim tão imprudentemente. Já pensou, deus chega em casa após um dia duro de trabalho nos Estados Unidos e de repente vê integrantes do MSC (Movimento dos Sem-Céu) invadindo seus pastos, só porque um grileiro divino lhes vendera o terreno ainda em vida? Deve ser triste. Tomo dores por deus ao fazerem tamanha sacanagem com ele. Se eu fosse o próprio, entraria com uma ação de evicção, alegaria grilagem e o escambau; sairia distribuindo raios em todos os invasores, para que eles nunca mais voltassem.

Pois bem, falando dessas pessoas que compram um lugar no céu, devo demonstrar toda uma repúdia. Claro. Tudo bem que muitas pessoas não têm instrução suficiente e se deixam dominar pela religião. Mas comprar pedaço do céu não é falta de instrução, é burrice nata; e essas mesmas pessoas ridicularizam e maldizem os coitados dos mulçumanos que se matam por um bando de virgens no paraíso. Agora, diz-me, qual a diferença? Nenhuma. As crenças devem ser respeitadas, mas nunca sobrepostas. Então nunca diga que o mulçumano suicida sofreu lavagem cerebral para se matar. Não. Ele realmente acredita que haverá dezenas de virgens esperando por ele no paraíso. O coitado do trabalhador aqui no Brasil também acredita que terá adquirido seu pedacinho de terra em vida. Se ele reencarnar, coitado, terá desperdiçado uma dinheirama.

Na verdade, não seria bem desperdiçado, mas dado com muito suor a um pastor qualquer, que se aproveita dessa situação e engana o assalariado. Pior é que, misteriosamente, o pastor sempre ganha um dinheirinho com essa empresa chamada Igreja Universal & Associadas S/A. Mas afinal, esse dinheiro não era pra comprar o tal do latifúndio divino. Parem de enganar os crentes, seus irresponsáveis. Se eles chegarem no céu e derem de cara com o terreno cercado e habitado por um velho barbudo criando ovelhas, vocês terão de vender seus carros e sua mansão para pagar um advogado (do diabo).

Um comentário:

Felipe disse...

é tal historia: "pequenas igrejas, grandes negocios"