terça-feira, 14 de abril de 2009

Iñárritu

Filmes quase poéticos. Assim defino as películas do diretor mexicano Alejandro González Iñárrutu. Com cenas de tirar o fôlego, os filmes possuem uma peculiaridade do autor: a atemporalidade a qual os filmes são mostrados. Amores Brutos, 21 Gramas e Babel. Todos são bons filmes; não são obras-primas mas são excelentes.

Amores Brutos (2000) foi o primeiro, carregado daquele castelhano que somente eles entendem. Lembro de ter visto n'O Liberal alguma crítica bastante ruim acerca deste filme, de 'um qualquer Passarinho'. Se bem que, tratando-se desse fausto jornal, não se pode esperar nada construtivo. Pois bem, é um filme, de fato, diferente, haja vista sua ausência de ordem cronológica. Apesar dessa falta, o filme prende a atenção do espectador do início ao fim, salvo pela parte do cachorrinho enjoado da modelo. No mais, o filme dispensa críticas absurdas.


21 Gramas (2003) é um filme um pouco mais maduro, não sei se pelo tempo ou se pelos seus atores. No primeiro, tinha apenas Gael García Bernal, ainda em ascensão. Agora, tem-se atores como Sean Penn, Benicio Del Toro e Naomi Watts, esta última em papel diverso do super filme de terror "O Chamado". Novamente, um filme sem ordem cronológica, onde vidas se cruzam num thriller excêntrico. Atropelamento, transplante, morte... Uma união não só fúnebre como explosiva de interpretações de dramas que realmente ocorrem na vida real, sem sequer nos importarmos. O refúgio nas drogas, a redenção com jesus (para os que acreditam)... tudo é mostrado.


O terceiro dessa quase trilogia é o mais conhecido. Babel (2006) com certeza não é o melhor dos três, mas chega a impressionar mais o espectador - talvez pelas suas cenas um pouco mais fortes. Nudez, apelo sexual, incesto... Falando em incesto, o filme mostra, mesmo que sem querer, que o incesto não é a aberração atribuída pela sociedade (Não, eu não sou fã Rodrigueano). Naquela família marroquina, eram apenas pai, mãe, dois irmãos e irmã. Para Freud, a primeira referência que o filho tem do sexo oposto é a mãe. Só que isso fica retido no incosciente, bem como o ciúme do pai. Sendo assim, a única referência explícita do sexo oposto daqueles meninos era a irmã. Loucura ou não, havia uma atração - no mínimo - institiva, animal. No mais, a união de histórias e vidas nesse filme cruza oceanos. Alejandro foi mais ousado, uniu continentes, temperou o filme com falso terrorismo, com a paranóia americana. Brad Pitt e Cate Blanchett figuram bem no filme, assim como - novamente - Gael García Bernal. O que mais me agradou no conjunto foi o título do filme ligado à história (ou História - ou estória) em si. Não é o melhor, mas é o mais forte. A ordem cronológica - ou a falta dela - aqui é bem menos complexa e mais fácil de entender. Babel e quase, quase comercial - ainda bem que não fora.

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